terça-feira, 27 de agosto de 2013

A expansão ultramarina portuguesa Resumo aula 37

1. Portugal sai à frente

Em 1415, os portugueses dirigiram-se para o norte da África e conquistaram Ceuta, no atual Marrocos. Esse porto muçulmano era um importante centro de distribuição de mercadorias que vinham do interior do continente em rotas de caravanas. A invasão de Ceuta foi feita como uma verdadeira cruzada contra os infiéis. Embora tenha fracassado, do ponto de vista comercial, pois as rotas de caravanas desviaram-se dali, a conquista dessa cidade deu o impulso inicial para as expedições ultramarinas realizadas por Portugal nos séculos XV e XVI.
O porto de Lisboa, um dos mais movimentados centros econômicos na época da expansão marítima.
Costuma-se destacar o pioneirismo de Portugal nas navegações pelo Atlântico. Leia abaixo algumas das razões tradicionalmente apontadas para explicar esse fato.

2. As expedições portuguesas

As viagens de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral, com destino às regiões produtoras de especiarias na Índia.
Vasco da Gama (1498)                                                                   
Pedro A. Cabral (1500)                                                                   
Quando as atividades comerciais se intensificaram na Europa, no final da Idade Média, as cidades portuárias portuguesas, como Lisboa, funcionavam como escalas para as rotas do comércio desenvolvido entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte. Com isso, desenvolveu-se em Portugal uma próspera burguesia mercantil que, interessada na ampliação de seus negócios, aliou-se ao rei, fornecendo recursos para a expansão marítima.
Depois de atingir o norte da África, na conquista de Ceuta, o objetivo perseguido pelos portugueses passou a ser chegar às Índias. A rota escolhida para isso seria contornar o continente africano. Para nós, que contamos com mapas bastante precisos, isso parece fácil. Para os navegadores portugueses do século XV não era. O próprio tamanho do continente era desconhecido. Não se sabia de ninguém que, saindo da Europa, tivesse ultrapassado o Cabo Bojador.
Em viagens sucessivas, durante quase um século, os hábeis navegadores portugueses foram ampliando esse limite, ponto por ponto, até chegar ao Oceano Índico. Em 1498, finalmente, Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, atingindo o objetivo tanto tempo ambicionado.
A viagem de Vasco da Gama foi coroada de êxitos. Seus barcos voltaram a Lisboa repletos de especiarias. Os lucros foram enormes. A coroa e a burguesia portuguesa animaram-se a mandar uma nova expedição para as Índias, com a intenção de organizar esse lucrativo comércio. Essa era a missão de Pedro Álvares Cabral, cuja esquadra, antes de chegar a seu destino, aportou no Brasil.
Vasco da Gama, navegadorportuguês que atingiu as Índias em 1498, inaugurou uma nova era no lucrativo comércio de produtos orientais.

A colheita da pimenta, uma das especiarias mais lucrativas no comércio da época.

Você sabia?
O comércio português nos primeiros anos do século XVI prosperou muito com as especiarias vindas do Oriente pela rota marítima. Somente Vasco da Gama trouxe 1500 toneladas de especiarias da Índia, e Cabral voltou com 100 toneladas. Em 1520, metade da receita dos cofres portugueses vinha das especiarias.
Revista Superinteressante, julho, 1997.

Navegações portuguesas
1415 – Conquista de Ceuta
1434 – Gil Eanes chega ao Cabo Bojador
1488 – Bartolomeu Dias chega ao Cabo da Boa Esperança
1498 – Vasco da Gama chega a Calicute, Índia
1500 – Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil

3. A Escola de Sagres

A Escola de Sagres foi fundada pelo infante D. Henrique, príncipe da dinastia de Avis, em 1418. Sua existência tem gerado controvérsias. Há quem afirme que ela ficava num promontório em Sagres, mas é possível que o nome “escola” tenha o sentido de corrente de pensamento. De qualquer forma, vários historiadores destacam sua importância. Segundo eles, D. Henrique cercou-se de sábios de todo tipo: cartógrafos, matemáticos, geógrafos, astrônomos e astrólogos. Muitos deles eram judeus que haviam fugido da Espanha, onde vinham sendo perseguidos. Em Sagres foram aperfeiçoados mapas e instrumentos, como o astrolábio e a balestrilha, que, ao lado das caravelas, foram essenciais para o êxito das navegações portuguesas.  
O infante D. Henrique, apelidado o Navegador, reuniu na Escola de Sagres diversos sábios, que estudavam os problemas da navegação. Esse centro de estudoscontribuiu para estimular a expansão marítima portuguesa.

Você sabia?
As caravelas foram uma importante "invensão" dos portugueses, dando grande impulso à sua indústria naval. No início do século XVI, apenas na Ribeira das Naus, estaleiro situado em Lisboa, produziam-se 800 navios de 500t por ano.
BUENOEduardoop. cit. p. 71.

Estaleiro em Portugal, onde se construíam caravelas.

4. O império português

A partir da expansão ultramarina, os portugueses formaram um extenso império colonial. Conquistaram territórios na África e na Ásia, estabelecendo inúmeras feitorias no litoral desses continentes. Encontraram ouro na Guiné e iniciaram um rendoso tráfico de escravos. Na Índia, chegaram à fonte das especiarias, estabelecendo-se em Calicute e em Goa. Foram até a Indochina, conquistando Java e no litoral da China fixaram-se em Macau. Na América, colonizaram o Brasil.
O comércio de especiarias, que, a princípio, trouxe muitos lucros para Portugal, não se manteve rentável por muito tempo. No início do século XVI, com a queda do preço das especiarias, Portugal voltou-se para a colonização do Brasil. Os portugueses, porém, mantiveram sua presença na Ásia e na África, onde se dedicaram, sobretudo, ao tráfico de escravos.
Por volta do século XVII, começou a desintegração do Império Colonial português, numa longa agonia que perdurou até o século XX.
As Grandes Navegações são lembradas ainda hoje como a época de glória do povo português. A “expansão ultramarina” forma o capítulo mais celebrado da sua história, tratado em verso e prosa por seus mais importantes escritores, eternizado pelo grande poeta português Luís Vaz de Camões, em Os Lusíadas:
“Já a vista, pouco a 
pouco, se desterra/
Daqueles pátrios
montes, que ficavam;/
Ficava o caro Tejo

e a fresca serra/
De Sintra, e nela os 

olhos se alongavam./
Ficava-nos também na 

amada terra/
O coração, que as
mágoas lá deixavam./
E, já depois que toda
se escondeu,/
Não vimos mais
enfim, que mar e céu.”
Os Lusíadas. Canto V. Imprensa Nacional de Lisboa, 1971.

Postado Por: Matheus H.

Um comentário: